A ciência Estatística muito evoluiu durante e após a Segunda Guerra, devido principalmente a grandiosidade dos eventos e números envolvidos. Importantes teorias presentes na Estatística de hoje foram formadas para a solução de problemas reais da segunda guerra. Um dos mais famosos é o problema do número de tanques da Alemanha, que irei falar em uma próxima postagem.
Uma situação curiosa é a proposta do estatístico Abraham Wald sobre o reforço necessário das fuselagens em aviões bombardeiros, que tomei conhecimento através da lista de discussão da Associação Brasileira de Estatística - ABE, que mencionou uma postagem de blog.
Wald foi confrontado com o seguinte problema: em quais lugares da fuselagem devemos reforçar a blindagem?
Como todo bom estatístico, Wald procurou se aproximar dos seus "dados", indo observar os aviões que retornavam do combate, atentando para os danos que eles apresentavam.
Após um tempo de observação, Wald fez a seguinte proposição: aumentem a blindagem das áreas que não levaram tiros.
Sim, parece loucura. Aumentar a blindagem das áreas que não levaram tiros soa como operar a perna errada, ou colocar curativos onde não há machucados.
Para entender bem a proposição de Wald, devemos - como todo bom Estatístico - atentar para os detalhes. Wald não observava todos os aviões, mas apenas os aviões que voltavam do combate, afinal não havia - em tempos de guerra - como observar os que eram abatidos. Logo, temos um direcionamento na análise: estamos observando apenas os aviões que retornavam à base.
Nisto, temos o brilhantismo da análise: se os aviões que retornaram não apresentam danos nestas seções, podemos admitir que os aviões que foram abatidos sofreram danos justamente nestas seções, que devem, portanto, receber reforço na blindagem.
A este aparente paradoxo, a Estatística deu o nome de Viés de Seleção, onde a interpretação do fenômeno observado é enviesada pela amostra selecionada, que no caso dos bombardeiros, eram apenas os que retornavam.
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